segunda-feira, 11 de abril de 2011

DDA

Será que sabemos o que é?
É tão complicado uma vida com DDA que vcs nem imaginam ...
Um pequeno texto para demosntrar um pouco da vida de quem tem DDA ...

Daniel*, um jovem estudante universitário, levanta todos os dias às sete horas da manhã. Não que seja escolha sua, mas ele tem que levar sua irmã ao colégio e não pode se atrasar.

Ela o chama uma vez, duas vezes. Ele se revira na cama e diz que já vai se levantar. Ela grita “Sete e meia. Vou me atrasar!”. Ele se revira, se mexe, passam-se dez minutos e acaba levantando.

O rosto amassado não esconde a vontade de permanecer deitado. “Venha lanchar, enrolado!”, grita a irmã. Sentados na mesa, ela come um mamão, enquanto ele põe o iogurte no copo com toda calma, olhando para o lado e brincando com o cachorro. “Daniel, rápido!”.

Ela já está na garagem, com o capacete na cabeça, enquanto o irmão, já chegando perto da porta, volta atrás porque esqueceu de pegar a chave da moto, em algum lugar que não se lembra.

Hoje com vinte anos, Daniel descobriu há dois meses que possui DDA, o famoso Distúrbio de Déficit de Atenção, ou como tem sido denominado atualmente TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Lara Telles*, psicóloga da família, diz ser a doença da moda “todo mundo tem DDA hoje em dia, isso só pode ser modinha”. Mas Ernesto Betelli, famoso neurologista da capital palmense, afirma não ter dúvidas que Daniel possui DDA.

Ao chegar em casa, o universitário tira o tênis, joga num canto, tira a camisa, liga o computador que fica no seu quarto e acessa diversos sites ao mesmo tempo. Abre a caixa postal, abre o Orkut, acessa um site sobre TV Digital, um sobre propaganda e mais uns nove ou dez sobre os mais variados assuntos.

Em sua cabeça passam milhões de informações ao mesmo tempo. E é disso que ele reclama. “Penso várias coisas ao mesmo tempo, e não consigo me concentrar numa só. Tô aqui falando com você, olhando para você, respondendo à sua pergunta, mas acabei de pensar que tenho que olhar um site sobre diagramação e que minha mãe pediu para eu comprar carne para o almoço”.

Onze e meia. Hora de almoçar já que entra no trabalho ao meio dia. Mas ele ainda está vendo tevê, acessando sites, ainda ouvindo música e ainda não tomou banho. Hora da correria.

Maria, secretária do lar, que trabalha em sua casa, avisa que o almoço está pronto. Daniel senta-se à mesa, se serve e começa a comer. Nisso, sua namorada que almoça ao seu lado, fala para que ele pare de balançar as pernas. Ele faz isso o tempo todo, e nem se dá conta do fato. De repente pára, e volta a balançar outra vez, mas em segundos observa o olhar reprovador da namorada, e pára de novo.

Já são dez para o meio dia e Daniel ainda não tomou banho. “É pra tomar em cinco minutos”, diz a namorada, sempre preocupada com os atrasos do companheiro. Meio dia e quinze, o tranqüilo rapaz sai do banho.

Chega ao trabalho meia hora atrasado, e isso não é mais novidade para seus colegas. Sorte a dele seu chefe chegar por volta das 14H.

Sua tarde se resume em fazer certos favores, rever alguns processos e no mais fica navegando pela Internet até chegar seis horas da tarde, quando tem que ir embora. E os efeitos do distúrbio de déficit de atenção sempre o perseguindo.

Sob prescrição médica, Daniel toma um remédio de tarja preta conhecido como Ritalina, o medicamento mais recomendado para o tratamento do distúrbio. Sua função é estimular o sistema nervoso central ajudando na concentração. E é disso que um DDA precisa, de se concentrar.

Quantas vezes estava assistindo uma aula na faculdade e de repente se pegava olhando para a parede, pensando em outras coisas, que não a aula.

E o esquecimento? Esquece compromissos, tarefas. E as chaves? A chave da moto é sua maior inimiga. Vive num lugar que ele nunca sabe qual é.

Um ponto positivo de um DDA: pode ser muito mais criativo do que se imagina. Só tem que saber canalizar seu pensamento para tal.

São quase sete horas da noite, hora em que Daniel devia estar chegando à faculdade, mas ele ainda está em casa. A tevê ligada, o cachorro latindo para que brinque junto com ele, a namorada chamando para lanchar, a mãe telefonando para saber como estão as coisas.

Tudo se repete como na hora do almoço. As pernas balançando, a namorada olhando feio. “Ai, esqueci de fazer o trabalho da aula de hoje”, diz com olhar triste, se recriminando. “Esqueci de novo”. Isso é o que mais acontece com um DDA. Começam fazendo dezenas de projetos, e no fim não concluem nenhum.

Daniel é um DDA, diagnóstico dado por um médico conceituado. Quais recomendações recebeu? Organizar sua rotina, usar uma agenda para auxiliar. Tudo que começar a fazer, procurar terminar.

Resumindo: buscar a reorganização de sua rotina. Além, é claro, buscar um acompanhamento psicológico. Afinal, o DDA (ou TDAH - transtorno do déficit de atenção e hiperatividade), é um transtorno de causas genéticas, que aparece na infância e costuma acompanhar a pessoa para o resto da vida. Mas por outro lado, não existe exame que comprove sua existência. O que deve ser analisado é o histórico pessoal do indivíduo.

E não confundir os sintomas de um DDA com o de um ansioso, pois a especialista Ana Beatriz B. Silva, autora do livro Mentes Inquietas, que é esclarecedor sobre o que acontece na mente de quem possui DDA, afirma que se na infância não forem observados sintomas descritos, o que o adulto tem não pode ser chamado de DDA, e sim de outra coisa que deve ser analisada clinicamente.

E Daniel continua sua vida. A essa hora deve estar em casa, acessando sites e mais sites, e quem sabe, se esquecendo de algo.

Um comentário:

EU MESMO... disse...

minha cara isso, ja trato com ritalina ha um bom tempo...